E como todo advogado é também um pouco psicólogo segue uma reflexão minha decorrente de um processo de transição pessoal pelo qual passei e que consegui assim traduzir (espero que gostem):
Algumas feridas nunca saram.
Elas param de doer e a gente às vezes até esquece que ali estão, mas volta e meia elas insistem em dar o ar da graça.
Mesmo assim nessas idas e vindas sem fim, chega um tempo em que a gente se conforma que não tem jeito, porque elas já fazem parte do nosso corpo, quase que como um apêndice, sem utilidade alguma.
A coisa fica tão evidente que a ferida quase se torna uma amiga, confidente, daquelas que sabem exatamente o que a gente sente e que podem ouvir absolutamente tudo sem te julgar, numa cumplicidade sem fim.
A maturidade nos faz entender que elas não precisam se curar, que fazem parte da nossa história de vida e que no final das contas nos ajudaram a moldar quem somos de maneira tal que sem elas a gente não é a mesma pessoa.
E a dor antes adormecida e passa a inexistir ou se persiste em existir passa a ser apenas uma fisgadinha daquelas que a gente nem precisa de remédio para findar.
Eis a vida, cheia de pedras e feridas que com o tempo deixam de nos fazer mal, já que as flores e os frutos no caminho nos ajudam a compreender que somos feitos de uma enorme e infinita complexidade de sentimentos.